Militar e político, foi ministro de vários Governos Provisórios e presidente do Tribunal Constitucional.
Ernesto Augusto de Melo Antunes nasce em Lisboa, a 2 de Outubro de 1933, vindo a falecer em Sintra, em 1999. Em 1953, ingressa na Escola do Exército, na arma de Artilharia, sendo colocado, em 1957, como alferes, em S. Miguel. Cumpre três comissões de serviço em Angola (1963-1965; 1966-1968; 1971-1973), sendo sucessivamente promovido a Tenente (1959), Capitão (1961) e Major (1972). Participa pela primeira vez numa reunião do Movimento dos Capitães já em 1974. É o autor do documento ‘O Movimento, as Forças Armadas e a Nação’ e co-autor do Programa do MFA. Após o 25 de Abril de 1974, integra a Comissão Coordenadora do MFA e assume os cargos de ministro sem pasta nos II e III Governos Provisórios e de ministro dos Negócios Estrangeiros do IV e VI Governos Provisórios. Em 1974 coordena um grupo de trabalho encarregue de elaborar um plano de acção económico-social (também conhecido como Plano Melo Antunes), que, na sequência do 11 de Março, acabará por não ser posto em prática, apesar de aprovado em Conselho de Ministros. Integra o Conselho de Estado na qualidade de representante do MFA. Em 1975 integra o Conselho da Revolução e subscreve o ‘Documento dos Nove’, sendo o seu autor principal. Um ano depois, é nomeado pelo Conselho da Revolução presidente da Comissão Constitucional, antecessora do Tribunal Constitucional. Em 1982 passa a reserva como Tenente-Coronel. Nos anos 80 exerce funções na UNESCO, primeiro como consultor e depois como Subdirector-geral desta organização internacional. Em 1991, adere ao Partido Socialista. Em 2004, é promovido a Coronel, a título póstumo.
Militar e Primeiro-ministro do VI Governo Provisório, ficou conhecido como o Almirante sem medo.
Oficial da marinha e político português, José Baptista Pinheiro de Azevedo nasce em Luanda, Angola, a 5 de Junho de 1917, tendo falecido em Lisboa, a 10 de Agosto de 1983. Iniciou em 1934 a sua formação militar na Escola Naval em 1934, onde veio a leccionar. Fez parte do Movimento de Unidade Democrática (MUD), tendo apoiado as candidaturas de Norte do Matos e de Humberto Delgado. Entre 1968 e 1972 foi adido naval na Embaixada de Portugal em Londres. Foi figura de destaque durante o PREC, tendo ficado conhecido como o Almirante sem medo. Membro da Junta de Salvação Nacional desde o seu início, foi promovido a Almirante e escolhido para Chefe de Estado-Maior da Armada. Integrou o Conselho da Revolução e foi Primeiro-ministro e ministro da Defesa do VI Governo Provisório entre 19 de Setembro de 1975 e 23 de Junho de 1976, no período sequente
à derrota do Gonçalvismo. Foi durante este cargo que proferiu algumas das mais célebres frases do processo revolucionário: “o povo é sereno”; “é só fumaça”; “bardamerda para o fascista”. Decretou, numa medida inédita na política portuguesa, a auto-suspensão do governo. Pinheiro de Azevedo candidatou-se a Presidente da República nas eleições presidenciais de 1976, tendo saído derrotado por Ramalho Eanes. Presidiu o Partido da Democracia Cristã no ano de 1977.
Histórico líder do Partido Comunista Português e ministro sem pasta nos quatro primeiros Governos Provisórios.
Referência do movimento antifascista no período do Estado Novo e carismático líder do Partido Comunista Português, Álvaro Barreirinhas Cunhal nasce na freguesia da Sé Nova, Coimbra, a 10 de Novembro de 1913, vindo a falecer no dia 13 de Junho de 2005, em Lisboa. Após concluir os estudos no Liceu Pedro Nunes e no Liceu Camões, Cunhal decide ingressar na Faculdade de Direito de Lisboa, iniciando em 1931 o seu percurso formativo e político, com a filiação no Partido Comunista Português. Dada a sua intensa militância de oposição ao Estado Novo, Álvaro Cunhal é preso por três vez. A primeira prisão em 1937, sendo levado para a cadeia do Aljube e depois para Peniche; a segunda em 1940; e a terceira em 1949, tendo sido levado para Peniche, onde permaneceu por 11 anos. Em Janeiro de 1960, na histórica “Fuga de Peniche”, Cunhal e outros militantes comunistas conseguem escapar da prisão. Eleito secretário-geral do PCP em 1961, é enviado no ano seguinte para o estrangeiro: primeiro para Moscovo e posteriormente para Paris, onde passa a viver na clandestinidade até ao 25 de Abril. Regressa a Portugal no dia 30 de Abril e discursa, juntamente com Mário Soares, nas comemorações do dia do trabalhador, no dia 1 de Maio. Álvaro Cunhal é empossado ministro sem pasta logo no I Governo Provisório, a 15 de Maio de 1974, mantendo-se no cargo durante os II, III e IV Governos Provisórios. É também eleito deputado à Assembleia Constituinte em 1975, cargo que ocupará até à sua saída de secretário-geral do PCP, em 1992. Cunhal foi também conselheiro de Estado entre 1982 e 1992. Afastado da vida política activa, passa a assumir de forma mais vincada a sua vocação literária, assumindo em 1995 a autoria de várias obras publicadas sob o pseudónimo de Manuel Tiago.
Homem-chave do 25 de Novembro. Presidente da República entre 1976 e 1986.
Presidente da República durante dois mandatos, 1976-1980 e 1981-1986, António Ramalho do Santos Eanes nasce em Alcains, Castelo Branco, a 25 de Janeiro de 1935. Tendo ingressado no Exército em 1952 e completado comissões de serviço na Índia (1958-1960), em Macau (1962), Moçambique (1964 e 19666-1968), Guiné (1969-1971) e Angola (1974), é já no posto de tenente-coronel que, em Setembro de 1974, é nomeado para a presidência do Conselho de Administração da RTP. No exercício destas funções vê pairar sobre si acusações de envolvimento nos acontecimentos do 11 de Março, o que conduz à sua demissão da RTP e ao pedido de inquérito oficial. Encontra acolhimento político no grupo dos Nove, liderado por Melo Antunes, onde se torna numa das figuras de proa no plano militar, tendo sido o responsável pela coordenação operacional do Grupo dos Nove no 25 de Novembro. Na sequência do 25 de Novembro é nomeado Chefe de Estado-Maior do Exército, obtendo a graduação a general de quatro estrelas. Em 27 de Junho de 1976, numa candidatura apoiada pelo Conselho da Revolução e por um conjunto alargado de partidos (ex. PS, PPD, CDS) Ramalho Eanes é eleito Presidente da República, com 61,59% dos votos, derrotando Otelo Saraiva de Carvalho, Pinheiro de Azevedo e Octávio Pato. Ramalho Eanes ocupou ainda, entre 1976 e 1980, o cargo de Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas e liderou o Conselho da Revolução. No término do segundo mandato assume a presidência do Partido Renovador Democrático, do qual se afasta no ano seguinte, em 1987. É actualmente conselheiro de Estado vitalício.
Militar e político. Figura crucial nos governos provisórios durante o PREC.
Vasco dos Santos Gonçalves nasce em Lisboa a 3 de Maio de 1921, vindo a falecer em Almancil no dia 11 de Junho de 2005. Frequenta os estudos preparatórios de Engenharia Militar na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra no ano lectivo de 1940/1941, tendo entrado no ano seguinte para a Escola do Exército e iniciado a sua carreira militar quatro anos depois. Cumpre a sua primeira comissão na Índia, entre 1955 e 1957, e participa na guerra colonial, primeiro em Moçambique, entre 1965 e 1967, e depois em Angola, entre 1970 e 1972. Participa numa das reuniões mais importantes do Movimento dos Capitães – a da Costa da Caparica – tendo sido o militar mais graduado que fez parte do Movimento. Integra a Comissão Coordenadora e faz parte da comissão que redigiu o programa do MFA. Ocupa o cargo de Primeiro-ministro nos II, III, IV e V governos provisórios (17 de Julho de 1974 a 12 de Setembro de 1975), tendo promulgado e defendido algumas das medidas mais marcantes do período revolucionário: reforma agrária, salário mínimo, subsídio de desemprego, nacionalizações, entre outras. A sua acção política, juntamente com os que subscreviam as mesmas posições, foi rotulada de gonçalvismo. O seu nome ficaria imortalizado na canção de Carlos Alberto Moniz e de Maria do Âmparo – “Companheiro Vasco”. Após a queda do V Governo Provisório e na sequência dos acontecimentos do 25 de Novembro, é afastado do panorama político e militar.