Militar, político e estratega do 25 de Abril
Otelo Saraiva de Carvalho nasce em Lourenço Marques, a 31 de Agosto de 1936. Cumpre comissões de serviço em Angola, entre 1961 e 1963, e na Guiné, entre 1970 e 1973. Esteve presente na génese do Movimento dos Capitães, tendo desempenhado o papel de responsável pelas operações no golpe militar de 25 de Abril desde o posto de comando que se situava na Pontinha, em Lisboa. No período revolucionário foi comandante-adjunto do Comando Operacional do Continente (COPCON), passando a ser comandante efectivo em Março de 1975, mas assumindo a responsabilidade desde o início da presidência da República de Costa Gomes. Foi também nomeado comandante da Região Militar de Lisboa (RML) a 13 de Julho de 1974. Durante o Processo Revolucionário em Curso integrou ainda o Conselho da Revolução, formando, juntamente com Francisco Costa Gomes e Vasco Gonçalves o triunvirato mais célebre de 1975 – o Directório – que mereceu uma capa da revista Time. Foi afastado de todos os cargos após os acontecimentos de 25 de Novembro de 1975, tendo inclusive sido preso. Candidato às eleições presidenciais de 1976 e de 1980, acabou derrotado em ambas. Nesse mesmo ano criou o partido Força de Unidade Popular (FUP). Em 1985 é acusado de liderar as FP-25, o que lhe valeu cinco anos de prisão, tendo sido amnistiado em 1996. No decorrer do processo das FP-25, foi despromovido de brigadeiro a tenente-coronel.
Capitão de Abril, é um dos rostos do Conselho da Revolução.
Vasco Correia Lourenço nasce em Lousa, Castelo Branco, a 19 de Junho de 1942. Ingressa na Academia Militar em 1960, na especialidade de Infantaria. Cumpre uma comissão de serviço na Guiné entre 1969 e 1971. Vasco Lourenço é um dos principais impulsionadores do Movimento dos Capitães, tendo pertencido à Comissão Coordenadora do MFA. Nas vésperas da revolução é preso e transferido compulsivamente para Ponta Delgada, nos Açores, onde assiste ao golpe militar de 25 de Abril de 1974. É nomeado para o Conselho de Estado em 24 de Julho de 1974, como representante da Comissão Coordenadora do MFA. Integra o Conselho dos Vinte e o Conselho da Revolução, sendo o seu habitual porta-voz. Foi também membro do Conselho da Arma de Infantaria e co-autor do Plano de Acção Política (PAP). Primeiro subscritor do Documento dos Nove, substitui em Novembro de 1975 Otelo Saraiva de Carvalho como Governador Militar de Lisboa e Comandante da Região Militar de Lisboa (1975-1978), tendo sido promovido a Brigadeiro e posteriormente passado à reserva no posto de tenente-coronel (1988). É um dos fundadores e actual presidente da direcção da Associação 25 de Abril.
Capitão de Abril
Fernando José Salgueiro Maia nasce em Castelo de Vide a 1 de Julho de 1944, vindo a falecer em Lisboa, a 4 de Abril de 1992. Em 1964, ingressa na Academia Militar de Lisboa, passando, de seguida, para a Escola Prática de Cavalaria de Santarém. Cumpre comissões de serviço em Moçambique (1967-1969) e na Guiné (1971-1973). Em 1970 é promovido a Capitão. Salgueiro Maia participa nas reuniões clandestinas do Movimento das Forças Armadas integrando a sua Comissão Coordenadora. No dia 25 de Abril de 1974 é Salgueiro Maia quem comanda as tropas que, vindas da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, cercam o Terreiro do Paço. É o então capitão Maia quem comanda igualmente o cerco ao Quartel do Carmo, que termina com a rendição de Marcello Caetano e a entrega do poder a António de Spínola. Após o 25 de Abril, mantem-se como membro do Movimento das Forças Armadas mas recusa ser membro do Conselho da Revolução. Entre 1976 e 1977 exerce funções nos serviços administrativos da Direcção da Arma de Cavalaria, em Lisboa. Passa depois pela 3.ª Repartição do Quartel-General da Zona Militar dos Açores, em Ponta Delgada, sendo colocado, em 1979, como comandante do Sector Prisional do Presídio Militar de Santarém. Conclui as licenciaturas em Ciências Políticas e Sociais e em Ciências Antropológicas e Etnológicas no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Voltará à Escola Prática de Cavalaria em 1984. É promovido a major em 1981 e a Tenente-coronel em 1988.
Carismático dirigente da extrema-esquerda portuguesa, do PCTP/MRPP.
Dirigente histórico do PCTP/MRPP – Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses/Movimento Reorganizativo do Partido do Proletário (MRPP), de inspiração maoísta, entre 1970 e 1982. Arnaldo Matos nasce em Santa Cruz, Madeira, a 24 de Fevereiro de 1939. Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, vence as eleições para a Associação Académica da Faculdade de Direito em 1967. A 28 de Maio de 1975, após a ilegalização do MRPP, Arnaldo Matos é preso em Caxias juntamente com 400 militantes do partido, tendo sido posteriormente internado, sob prisão, no Hospital Militar Principal, na Estrela. São inúmeras as manifestações que exigem a libertação do “camarada Arnaldo matos”, considerado o “grande dirigente e educador da classe operária”. Numa acção organizada pelo MRPP, Arnaldo acaba por conseguir fugir do Hospital e passa à clandestinidade. Abandona o MRPP em 1982, mantendo a sua actividade profissional como advogado.
Advogado e político, destacou-se como ministro em vários governos provisórios (1974-1976).
António de Almeida Santos nasce a 15 de Fevereiro de 1926, em Cabeça, Seia. Licenciado em Direito (1950), parte para Moçambique onde exerce advocacia, defendendo inúmeros presos políticos na então colónia portuguesa. Regressa a Portugal após o 25 de Abril de 1974, assumindo as pastas da Coordenação Interterritorial (do I ao IV Governo Provisório, 1974-1975) e da Comunicação Social (VI Governo Provisório, 1975-1976). É uma das figuras centrais do processo de descolonização. Adere ao Partido Socialista em 1976, ano em que ocupa o cargo de ministro da Justiça do I Governo Constitucional (1976-1978). No II Governo (1978) assume a função de ministro-adjunto do primeiro-ministro, Mário Soares. Voltará a exercer funções governativas no IX Governo Constitucional (1983-1985) como ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares. Cabeça de lista do PS às eleições legislativas de 1985, foi deputado à Assembleia da República e membro da Comissão Nacional, Comissão Política e da Comissão Permanente do partido. Presidente da Assembleia da República e membro do Conselho de Estado (1995-2002), foi também Presidente do PS de 1992 a 2001, sendo actualmente seu Presidente honorário.