Fico grato pelo interesse nas minhas experiências de antes, durante e após 1974. A minha experiência foi extremamente positiva antes e depois da dita revolução (quando fui acolhido de um modo dignificante por um país estrangeiro como refugiado de Portugal), mas não podia ter sido mais negativa a respeito dessa revolução. Pessoalmente, não pedi para que acontecesse o 25 de Abril de 1974, pois ao fim e ao cabo ele só veio trazer aspectos demasiados maus para serem imagináveis. Foi do piorio o que aconteceu e se passou nessa altura.


Para além disso, imagino que aqueles para quem supostamente foi feita a revolução passado pouco tempo já preferiam que ela não tivesse acontecido. A maioria dos negros (especialmente em Angola) e mesmo brancos de Portugal ficaram muito desiludidos e arrependidos do apoio dado a "políticos de meia tigela" e militares que na altura aproveitaram a situação para ganhar promoções e mais dinheiro, sem qualquer mérito, para satisfazerem a sua ganância pelo vil metal e imerecidas divisas.

Caso não houvessem interesses dos soviéticos da Rússia, de Cuba, etc., o processo poderia ter acontecido (ou pelo menos sido testado) de uma maneira totalmente diferente.

Apresentada a parte emocional da minha história, posso informá-los de que não nasci em Angola, mas estive lá desde os meus dois anos. Cresci, estudei e fui mobilizado em 1966, começando pela instrução militar (mais ou menos 3 meses) em Nova Lisboa, depois aguardando (por volta de 3 meses) o primeiro curso de oficiais que decorreu nos Comandos em Luanda (Jaime Neves era o comandante) e durou cerca de outros 4 meses. Depois disso, fui adstrito a uma Companhia de militares angolanos constituída em Sá da Bandeira. Foi essa Companhia seguidamente incluída num Batalhão vindo de Portugal e destacado para a zona de Quitexe, onde estivemos baseados cerca de 1 ano. Seguidamente o meu pelotão foi destacado para Macocola, onde estivemos cerca de outro ano. No fim da campanha, ainda estive mais uns 4 meses de volta a Sá da Bandeira, antes de finalmente ser desmobilizado.

Passados esses cerca de 4 anos a servir a Pátria, fiquei em Luanda, a trabalhar para a maior companhia de computadores do Mundo, até Agosto de 1975. Tinha casado e já tinha a primeira filha, nessa altura com 9 meses. A minha empresa ofereceu-me colocação em Johannesburg, que imediatamente aceitei, pois não queria de modo nenhum ir para Portugal. Cá estou até agora, passados 40 anos.

Entretanto, sofri um abalo emocional que tremendamente me afectou e me resolveu a querer sair de Angola o mais cedo possível e antes da suja independência. Tinha a minha bebé 3 meses quando um dia, em fins de Março de 1975, os selvagens do MPLA e os bandidos dos escravos (pseudo-militares) do Rosa Coutinho fizeram um ataque à creche onde ela passava o dia e as professoras tiveram que fugir para casa com os bebés. Passados dias fomos no avião, que felizmente ainda funcionava (não era da TAP...), para Sá da Bandeira deixar a nossa filha com os nossos sogros, pois lá estava mais calmo e seguro. Nunca vou perdoar este incidente aos bandidos assassinos do 25 de Abril, tais como Cunhal, Costa Gomes, Bochechas, Vasco, Otelo e mais uma dezena. 

 


Já vos dei as minhas impressões sobre o 25 de Abril. Pessoalmente, o mais importante foi salvar a vida da minha mulher e filha, pois tudo o resto, bens em dinheiro, móveis e imóveis, foi roubado por negros e militares portugueses. Atribuo toda a culpa aos militares portugueses, especialmente ao chefe "almirante" vermelho e estalinista Rosa Coutinho, que diariamente incitava os negros (vindos de fora, pretendendo ser do MPLA, FNLA e UNITA) a roubar, assassinar, violar, agredir e expulsar a raça branca.

Felizmente ele já está a fazer pó, mas ainda faltam uns quantos, especialmente o Bochechas, o Otelo, o Almeida, o Pateta Alegre, etc., irem juntar-se às dezenas que pulam e ardem no Inferno.

Muito mais haveria a dizer sobre a tal revolução, mas acho que não serei o único a ter uma opinião contrária aos aproveitadores "militares" e "políticos" que fazem o possível por destruir Portugal.

 

INFORMAÇÃO ADICIONAL

Autor - Relator: António Boavida; Pedro Serra
Testemunha - Contador: António Boavida
Ocupação à época: Militar; Funcionário de uma empresa informática

Região: Angola; África do Sul
Locais: Nova Lisboa; Luanda; Sá da Bandeira; Quitexe; Macocola; Joanesburgo

Data do início da história: 1966
Data do fim da história: Agosto de 1975


DIREITOS E DIVULGAÇÃO

Entidade detentora de direitos: Instituto de Historia Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova Lisboa – Portugal
Tipo de direitos: Todos os direitos reservados

ver mais...